MEDUSA ENREDADA: COMO LEMBRAR? ...MAS... COMO ESQUECER?
Performance de Camila Durães
Registros de Marianella Colucci e Chris Mayer
Curadoria: Juliana Crispe
“Medusa enredada: como lembrar?... mas... como esquecer?”, é uma performance, uma improvisação-gambiarra, para corpo, voz e violoncelo. Uma criação e um labor em processo. Sonora e cênica. Musical e dramatúrgica. Um laboratório, um caldeirão em que a violoncelista e artista Camila Durães experimenta, com diferentes recursos, a abordagem artística, poética, sonora e sensível de violências de gênero. É feminista, herética e subversiva de sintomas e cicatrizes provocados por diferentes violências de gênero.
Nasce a partir dos processos de Dramaturgia de F(r)icção, Artetnografia e Mitodologia em Arte elaborados por Luciana Lyra, em encontro com as reflexões e o pensamento das autoras e artistas feministas Grada Kilomba e Audre Lorde sobre silêncios, processos de silenciamento e a importância da escuta e da ruptura dos silêncios impostos. Uma obra aberta que nasce da vida, na vida. Como uma gambiarra, é um artefato que nasce na precariedade, na urgência de rascunhar rastros e percursos de vida, afetos e memórias guiados por um (re)encontro com Medusa – a Górgona da Antiguidade Grega. Uma intervenção alternativa movida pelo desejo de (re)encontrar-se, (re)inscrever-se, (re)elaborar-se, (re)costurar-se, (re)entrelaçar-se e (re)existir.
“Medusa enredada: como lembrar?... mas... como esquecer?” aborda e discute violências de gênero através de menções implícitas a abusos sexuais, assédios sexuais e estupros; de discussões sobre as recorrentes “repetições” e “perpetuações” secundárias e terciárias das violências primárias sofridas pelas vítimas verificadas nas/os crônicas/os e sistemáticas/os ações e discursos de culpabilização, julgamentos, condenações e punições das vítimas que ousam denunciar o que sofreram, publicamente ou em confissões íntimas para pessoas em quem confiam. Em uma prática artística feminista de resistência e re-existência, a performance aborda também, de forma subversiva e herética, a internalização das violências, um dos sintomas “subvertidos” e “heresiados” no trabalho artístico desenvolvido sobre essas temáticas. A performance percorre entrecruzamentos entre som e cena, corpo voz e violoncelo, memórias e "esquecimentos", traumas e silêncios, ficções e fricções, lutos e lamentos, cura e ação, artes e feminismos… elaborações ao mesmo tempo singulares e coletivas, pessoais e políticas.
“Medusa enredada: como lembrar?... mas... como esquecer?”, 2018.
Fotografia Digital.
Tamanhos Variados.
Créditos fotos: Chris Mayer.
“Medusa enredada: como lembrar?... mas... como esquecer?”, 2020.
Vídeo-performance
Captura e edição: Gandaia Films
Vídeo realizado no evento MULHER ARTISTA RESISTE – 2ª edição
Sobre as artistas:
Camila Durães é violoncelista, performer, pesquisadora e educadora. Nasceu em São Paulo em Abril de 1984. Seu aprendizado com as artes têm acontecido em espaços formais e informais ao longo da vida. Na música, a formação têm sido construída formalmente na Licenciatura com habilitação em Educação Artística- música pela USP, na Pós-Graduação em Práticas Interpretativas dos Séculos XX e XXI com ênfase em violoncelo e música de câmara pela Escola de Música da UFRN (fevereiro e dezembro de 2012), no Mestrado em Musicologia-Etnomusicologia pela UDESC, e, no bacharelado em violoncelo da Udesc (em curso). Seus aprendizados com a performance, as artes da cena, do corpo e do movimento têm acontecido em espaços diversos e não-formais em sua maioria. Como violoncelista integrou a OCAM - Orquestra de Câmara da USP, a Orquestra Acadêmica da UDESC, a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, a Orquestra Jovem Tom Jobim, a OSUFRN - Orquestra Sinfônica da UFRN, e diversos grupos de música de câmara como duos, trios, quartetos e formações ampliadas. Em 2007 começou a elaborar e apresentar trabalhos artísticos in(ter)disciplinadas, com diferentes parcerias artísticas, em São Paulo, costurando música e poesia e literatura, e, depois, música, literatura e dança, em recitais de violoncelo e piano que contaram com a presença e intervenção de textos e dança improvisada. Em 2012 uma tentativa de retomada desse movimento plural com as artes aconteceu em recitais dedicados à música contemporânea, um recital solo com intervenções cênicas e poéticas, e, um recital com obras de compositoras para cello e soprano, com atravessamentos de poesia e literatura, com parcerias multi-linguísticas, em seus últimos dias em Natal. Em 2016 a artista retoma sua caminhada de criação e performances artísticas in(ter)disciplinadas com as improvisações com voz, texto e violoncelo, como “Abal”, “Amanari”, “Aiyra”, “Anauá”, “Ayra/ Anauá e a Rainha-do-Abismo do fim do Sul do mundo” e "Mantos de combate: Entre abalos, passagens e cicatrizes". A partir de 2017, com seu ingresso no doutoramento na Área de Concentração de Estudos de Gênero do PPGICH UFSC - Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, têm se dedicado ao projeto de pesquisa acadêmica teórico-prática e interdisciplinar sobre música e gênero, com foco nas possíveis interfaces entre criações in(ter)disciplinares politicamente posicionadas, artes, feminismos, estudos de gênero, e, a criação e disponibilização de espaços sensíveis e dialógicos de alteridade e identificação, com foco em uma das performances que integram a pesquisa artística do doutoramento. A partir do encontro entre suas pesquisas e aprendizados em gênero e feminismos na UFSC (no PPGICH, LEGH e IEG), em movimentos e coletivos feministas na cidade de Florianópolis por um lado, e, seus aprendizados com ações, pesquisas, arcabouços teórico-práticos e pedagogias de criação feminista na UDESC, (nas disciplinas de Luciana Lyra no PPGT, com os diversos espaços concebidos por Brígida de Miranda no PPGT, DAC e CEART, e, com o grupo Articulações Poéticas e ações lideradas por Silvana Macêdo no DAV, PPGAV e CEART), têm aprofundado suas investigações, experimentações, costuras e teceduras em criações feministas artísticas in(ter)disciplinadas, com corpo, voz, violoncelo, movimentos, tecidos e velas, através das performances “Medusa enredada: como lembrar? ...mas... como esquecer?” sobre violências de gênero, e, “labuta. forjar. tocar: ato de fé”, sobre o desejo de saber e lutas de mulheres pelo direito à educação.
Marianella Colucci é Fotógrafa, Cinegrafista, Documentarista, Editora, Realizadora, Produtora Audiovisual e Arquivista de vídeos. Tem formação em Cinema e Televisão na Universidade Nacional de Córdoba, Argentina. Pesquisa gêneros cinematográficos, estruturas narrativas, criação de personagens e arquétipos como elementos repetidos que criam fórmulas ou padrões. Tem interesse em documentar as diversas práticas ancestrais, culturais e artísticas realizadas por mulheres na América Latina e América Central.
Chris Mayer é multiartista, fotógrafa profissional desde 1991, editora de fotografia, consultora, jornalista, escritora, atriz palhaça e videomaker. Estreou um canal de vídeos - Janela Cômica - em 2020 durante a quarentena e acaba de lançar um livro: Café com Sal.
Como artista, seu forte são projetos autorais, onde faz tudo: editoriais, fusões, arte com técnica mista, logos, fontes, folders, vinhetas, vídeos, livros, diagramação, teatro em miniatura, manipulação de bonecos, música, teatro lambe-lambe.
Fotografou mais de cem espetáculos de dança, shows musicais, teatro, palestras, circo e muita palhaçaria, destacando o Palco Giratório2019, a I Mostra da Rede Catarina de Palhaças e os Festivais Ri Catarina IV e V. Além de dissertações e teses, fotojornalismo e retratos.
Sua palhaça Chrisis apresentou em cabarés nos circuitos de festivais de teatro e palhaçaria de Santa Catarina, dando destaque ao Palco Giratório2019 e no Festival FloripaTeatro.
Em 2020 surgiram mais 3 personas (Chrisão, Dra. Chriséfila e Chrisoca) que participaram de programas de rádio, shows de auditório online, dando destaque ao programa Família CH.
Ativista feminista, atuou como fotógrafa e colunista no Portal Catarinas, fez uma mostra de filmes com temática lésbica, fotografia documental sobre música e periferia, violência doméstica e casais LGBTQI+. Hoje, atua com a Revolução do Riso e do Amor.
Essa vídeo-performance faz parte do evento MULHER ARTISTA RESISTE – 2ª edição
MEDUSA ENREDADA: COMO LEMBRAR ?...MAS... COMO ESQUECER?
Artista: Camila Durães
Curadoria: Juliana Crispe
Gravação edição do vídeo: Gandaia Films
Produção Cultural das exposições em Artes Visuais: Lorena Galery
Realização: Espaço Cultural Armazém - Coletivo Elza
Coordenação Geral: Gika Voigt, Juliana Crispe e Virgína Vianna
Organização Coletiva e curadoria compartilhada: Grupo de Trabalho MULHER ARTISTA RESISTE
Apoio: Abrasabarca, Coletivo Compor, Gandaia Films, Mulamba, Potlach Editora e Grupo Articulações Poéticas
Produção: Gika Voigt Produz
Vinheta: Gandaia Films (com música da banda Mulamba)
Equipe técnica: Gika Voigt e Marianella Colucci
Equipe de comunicação: Gika Voigt, Juliana Ben, Juliana Crispe, Lorena Galery, Marianella Colucci e Virgína Vianna