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Impressões de Natália Ester sobre o conto 

“Isaltina Campo Belo” do livro Insubmissas Lágrimas de Mulher de Conceição Evaristo

Natália Ester

 

Isaltina

Insubmissa

Pedaço de gente

 

Sorrisos que abraçam

Abraçam apertado

como quando você

afunda a cabeça

contra fartos seios

Um breve constranger.

De tanta intimidade e coragem

de quando o amor transborda.

Se gostei?

Sim, tanto que desejo replay.

Essa intimidade criada  

como se olhar em um espelho

Se olhar e ver

um olhar

um toque

um cheiro

um semelhante

Ser humano

que fala de cor, mas não é

que fala de gênero, mas não é

Mas também  

Fala de dor e amor

Uma pessoa que fala 

E a outra que escuta

transmite e brilha

 

De tão normal, ou tanto desejar ser normal

de tanta dúvida

Quem criou o normal?

Quem é normal?

Nossas famílias e pessoas nelas, são?

ser

ser

ser humano

Como quando nos influenciamos por quem acreditamos ser

Acreditamos

Sensação de estar no lugar errado

Acreditou ter uma chance

de ter encontrado o seu normal

instalado dentro, 

nele, nela

enquanto ser humano nascido

Menino?

Menina?

Ou tão simples como existir 

Ser gente

"Estavam todos enganados"

Inclusive Campo Belo, que de tão certo que estava errado

se acostumou com o que lhe disseram ser o normal

E assim voou para seu desejado e desconhecido normal

E lá se entrelaçou nos braços da crueldade

A falta de amor 

que trata um ser vivo 

pessoa 

gente

Nem homem ou mulher

Como um corpo território

uma terra fértil

Em dúvida sobre si e sobre o outro

A dúvida do que se é.

A rejeição além da auto rejeição

E toda a violência que a falta de amor pode 

gerar

Gerar

A falta de amor gerou

E a roda da História continuou

Lembrando que não tem plano

O doce e o amargo

andam juntos

Em uma competição

em um entrelaçar forçado de corpos

que navegam por um Campo Belo

Em uma dança tórrida

De incompreensão e dor

 

Depois de tudo, já não jogava mais sozinho

bailava feliz com seu menino e com sua menina

Não precisava mais convencer ninguém

nem a si

de que pessoas são estranhas

Raras

Às vezes anestesiam seus corações

Adormecem suas dores

E as transformam 

Em ser o que realmente são.

“Nós nos tivemos.”

Natália  Ester Florianópolis/SC @natália.ester1976

 nascida em Porto Alegre/RS, filha de artesões, iniciou sua trajetória artística no teatro em 1995. No ano de 1999 foi para São Paulo onde trabalhou com grupos de teatro, fazendo apresentações e intervenções nas ruas, praças, chegando nos mais diversos públicos.
No ano de 2001 conheceu o circo e de lá não mais se distanciou, apaixonada pelas diversas modalidades do circo se especializou em palhaçaria, malabarismo, perna de pau, entre outras habilidades.
Filha, mãe, amiga, palhaça, brincante, explorando e navegando por novas correntes, apaixonada por poesia.

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